O carnaval visto do invisível:

Lições Proveitosas

 

A cidade, regorgitante, era um pandemônio.

A multidão de desencarnados que se misturava à mole humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças feericamente iluminadas, mas cujas luzes não vivenciam a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor. Parecia que as milhares de lâmpadas coloridas apenas bruxuleavam na noite, como ocorre quando desabam fortes tempestades.

Os grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno.

Uns magotes desenfreados atacávamos burlescos transeuntes, tentando prejudicá-los com as induções nefastas que se permitiam transmitir.

Outros, compostos de verdugos que não disfarçavam as intenções, buscavam as vítimas com potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a processos nefastos de obsessões demoradas.

Podíamos registrar que muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas, em visitas a regiões inferiores do Além, onde encontravam larga cópia de deformidades e fantasias de horror de que padeciam os seus habitantes em punição redentora, a que se arrojavam espontaneamente.

As incursões aos sítios de desespero e loucura são muito comuns pelos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios do pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo.

Fixados como clichês mentais, ressurgem na consciência e são recopiados pelos que lhes estão habituados, recompondo, na extravagância do prazer exacerbado, a paisagem donde procedem e à qual se vinculam.

A sucessão de cenas,deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora.

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“Sem dúvida, porém, a festa é vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade.”

 

Cap.6 do Livro: Nas Fronteiras da Loucura

(Espírito Manuel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco)

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